Entrevista com Alan Patrick "Nuguette"
Alan Patrick sempre foi um lutador, antes de pisar em um tatame, em um ringue ou em um octógono encarou seu pior adversário na periferia de São Paulo, onde nasceu e presenciou várias situações violentas. Criado em Brasília durante a maior parte de sua infância e juventude, foi na capital federal que ele deu seus primeiros passos no esporte. Lá também passou por grandes provações, desde muito cedo trabalhou como engraxate na rodoviária do Plano Piloto para ajudar a família que lhe criou e fez de sua batalha diária uma marca registrada, passou a usar o nome 'Nuguette' como apelido e que tempos depois iria ser seu nickname no maior evento de artes marciais do mundo, o Ultimate Figthing Championship (UFC).
Aos 31 anos de idade e lutando pelo estado do Amazonas na categoria peso leve ( até 70 quilos) do evento, com um cartel brilhante de 12 lutas e 12 vitórias e ainda em recuperação da lesão que lhe tirou a oportunidade de lutar no UFC Rio 5, Alan me concedeu uma rápida entrevista onde me revelou maiores detalhes de sua infância em São Paulo e da sofrida juventude nas periferias de Brasília.
Como vai a
mandíbula e quando você volta ao octógono do UFC?
Minha mandíbula já está ótima, graças à minha equipe de dentistas que
teve todo cuidado comigo. Não precisei operar, mas foi uma recuperação lenta. Minha próxima luta está marcada para o dia 20 de junho no UFC Fight
Night, em Berlim, irei enfrentar o russo Mairbek Taisumov. Vamos com tudo!
Ao mudar-se para Brasília você buscava fugir de algo
específico em São Paulo ou ter uma vida melhor?
Eu fui para Brasília fugindo da violência de São
Paulo. Meu pai também se envolveu em confusão e tivemos que nos mudar. Morava
com meus pais e minha tia.
Você morava com 11 pessoas em uma casa parcialmente
coberta. Você conhecia alguém, algum familiar ou amigo?
Era meio maluco, mas era
engraçado. Moravam no local, meus primos, meus tios, minha avó. Cada cômodo
morava uma família. Na sala morava minha tia e a família, no outro quarto a
minha avó, cozinha e banheiros eram compartilhados por todos. Uma bagunça
organizada. Um verdadeiro caos.
Muitos garotos
dessas periferias tem menos do que você tinha para cair em uma vida de crimes e no mundo das drogas, mas
ainda assim entram nela. O que motivou você a não se inserir nesse mundo?
O que me motivou foram as
pessoas que eu considero exemplos, dizendo que aquilo era uma falsa mudança de
vida. Eu queria algo sólido e durador. Demorou mais pra acontecer algo concreto,
mas quando aconteceu, foi muito bom.
Antes de
lutar você praticava outro esporte? ainda que por diversão?
Eu jogava futebol na
escola, na rua. Fora isso, nada.
Seu primeiro contato com artes marciais foi com a capoeira. Teve algum
motivo especial para você escolher essa luta?
Sim, eu vi uma
apresentação na minha escola quando tinha 11ou 12 anos. Aquilo deu um estalo
na minha cabeça "Esporte é isso que eu quero pra minha vida."
Por que você
escolheu Manaus como destino seguinte?
Porque já tinha
uns amigos de lá e os melhores lutadores de MMA e de Jiu -Jitsu estavam lá. "Se lá só tem casca grossa, eu tenho que ver o que acontece por lá." . Quando cheguei, fui convidado para treinar na mesma academia
do campeão Ronaldo Jacaré.
Você considera que o ápice da sua carreira tenha vindo
com a sua estreia no UFC ou teve algo antes disso que leve esse título?
Com certeza! A primeira luta no UFC foi meu apogeu. Poucos conseguem
entrar na maior organização de artes mistas do mundo. Foi como se eu tivesse ganho
na loteria. Esse momento, da primeira luta, foi o ápice da minha carreira e
transformou minha vida
Você sente falta de Brasília?
Tive momentos felizes em
Brasília e até hoje eu volto para visitar os meus familiares, mas hoje estou construindo uma nova
vida no Rio de Janeiro.
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