Legalização do aborto
Nesta terça-feira, o deputado federal Jean Wyllys apresentou à câmara dos deputados um projeto de lei que visa legalizar o aborto voluntário (até a 12ª semana de gestação) pelo Sistema Único de Saúde. O parlamentar argumentou que milhões de mulheres já morreram em clínicas clandestinas e que a legalização do aborto não é uma forma do controle de natalidade, mas um direito da mulher em relação ao próprio corpo. O projeto ainda seguirá para aprovações de outras comissões, mas desde já conta com a reprovação do presidente da Câmara Eduardo Cunha e da bancada religiosa do parlamento.
Recentemente entrei em uma discussão muito interessante com um leitor (a) na qual por alto tocamos no assunto aborto. Ele ou ela apresentou um argumento semelhante ao do deputado e me questionou se nós não deveríamos pensar nessas mulheres que morrem na tentativa de interromper sua gravidez de forma clandestina. Respondi que sim, deveríamos pensar nelas, mas que antes de nós, elas pensassem no que o seu ato sexual precoce e desprotegido poderia ocasionar para o seu futuro.
Legalizar o aborto tendo como fundamento o alto número de mortes registrado em clínicas clandestinas é mais uma solução improvisada que comprova a ineficácia da legislação brasileira. Essas clínicas não deveriam sequer existir! E nenhuma pessoa, por mais desesperada que esteja pelo fato de lidar com uma gravidez deveria procurar, ou incentivar a busca desses estabelecimentos. Lembro-me de já ter assistido muitas propagandas incentivando o uso da camisinha, principalmente em época de carnaval, mas não me recordo de já ter visto um cartaz que fosse, alertando para os riscos do aborto ilegal ou um incentivo à gravidez consciente. Ou seja, eles não combatem a ilegalidade praticada nas clínicas, incentivam o ato sexual disponibilizando um preservativo de péssima qualidade em farmácias de alto custo e hospitais e agora querem legalizar o aborto?
Sempre tive orgulho de me afirmar como um defensor da vida, assim como não defendo a pena de morte eu não defendo a legalização ou a prática do aborto e sim, faço isso baseado em alguns ensinamentos da minha religião (católica apostólica) que formaram a minha personalidade. Isso não faz de mim um alienado, mas alguém que ainda acredita em uma explicação perfeitamente lógica, técnica e racional para tudo de 'ruim' que acontece nesta cidade, neste país, e neste mundo. Acredito que muitos fatos são consequência da escolha de outras pessoas e que uma decisão errada que se tome possa acarretar em diversas consequências para diversas pessoas em diversos lugares, por isso é preciso pensar melhor os seus atos antes de praticá-los o que não se faz hoje em dia nesta cultura individualista. Tornar legal práticas que não são corretas não resolve o problema em questão, é assim com a criação de centros de internação involuntária para craqueiros, é assim com a legalização do porte de armas de fogo aos civis, é assim com a legalização da maconha e também é assim com a legalização do aborto.
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