Uma lei para Laís
Cerca de um ano atrás a ex-ginasta Laís Souza sofreu um grave acidente enquanto esquiava nas montanhas de Salt Lake City, Utah. A atleta fraturou uma vértebra da coluna cervical e devido a isso perdeu os movimentos dos membros superiores e inferiores. Desde o ano passado vem sendo discutido na câmara dos deputados um projeto de Lei que ampare atletas que passem por situações semelhantes e nesta terça-feira (13) a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que concederá a Laís uma pensão vitalícia no valor aproximado de R$ 4,000 pela previdência social.
O projeto de lei é de autoria da então deputada federal Mara Gabrilli, em um discurso durante um dos debates para aprovar a lei, Gabrilli disse que os atletas dedicam a vida ao esporte e quando encerram a carreira ficam desamparados por não serem contribuintes e acabam não tendo vínculos com a previdência social. De fato, atletas federados não contribuírem com a previdência demonstra que no Brasil ser esportista olímpico é apenas um hobbie e não uma profissão verdadeira. Todos que me conhecem sabem que eu sou um fã de esportes e que defendo qualquer incentivo tanto para os atletas que já existem quanto para que mais pessoas integrem essa classe, inclusive fiz isso recentemente e neste blog. O que aconteceu com Laís foi algo lamentável, de certa forma foi uma grande perda para a ginastica brasileira, mas não vejo a sanção desta lei como um incentivo ao esporte e sim como uma solução improvisada que fere a todos os cidadãos que abrem mão de outras despesas para pagar o INSS e a todos os aposentados por invalidez que já esperam há anos sua indenização. Digo improvisada justante pelo fato dos atletas não serem mais problema da confederação desportiva que representam após sua aposentadoria, No caso da ex-ginasta, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) concede um seguro de vida caso o acidente ocorra em alguma competição, mas isso não o impediu de realizar campanha para arrecadar fundos e contribuir no tratamento de Lais que passou quase o ano inteiro nos Estados Unidos e retornou no final do ano de 2014, já no inicio de 2015 receberá o valor máximo de aposentadoria por invalidez previsto na legislação e uma lei só para ela.
A deputada Gabrilli não errou ao querer uma solução para o caso de Laís, ela merece encerrar sua carreira com dignidade e em seu país, mas criar um projeto de lei que beneficia somente ela não é a forma correta de resolver. O caso de Lais já deveria ter um solução antes de ter qualquer possibilidade de acontecer, por isso se chama "previdência". A sanção do PLC 81/2014 resolveu um caso que gerou muita comoção e muita repercussão, mas ainda não foi resolve a situação do esporte brasileiro de forma geral, se não valorizarmos esse legado que muitos construíram acabaremos perdendo parte importante da nossa história e cada vez menos tento esperança que o esporte no Brasil não contará mais com estrutura e soluções adaptadas e voltará um dia a ser uma razão de orgulho e uma possibilidade de futuro para muitas pessoas.
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