Por que espectadores gostam de ser desrespeitados?

Cada vez mais eu me convenço de que o desrespeito virou modinha. Passeando pelo youtube nesses dias descobri um canal chamado Fabrica de mosnstros apresentado por Léo Stronda (foto). Consegui assistir três episódios e não aguentando mais ser chamado de "putinho" a cada 30 segundos de vídeo fui assistir outra coisa, mas não antes de visitar o perfil e descobrir que mais de 600 mil pessoas seguem aquele canal. Isso me fez lembrar dos primeiros vídeos do partoba, dos últimos do Poderoso Castiga e de alguns espetáculos de outros grupos de humor e de algumas peças das companias de 4 é melhor e Parlapatões, patifes e paspalhões que, ao menos por uma fase, também construíram uma audiência ofendendo quem estava do outro lado da tela ou do palco. 

Talvez as pessoas que acompanham esses seguimentos de humor apelativo não saibam que muitas vezes esses canais recebem patrocínio de empresas ou até do próprio site conforme vão alcançando um determinado número de seguidores ou rendendo acessos e podem até ser produzidos e pagos por isso, ou seja, você está fazendo com que a pessoa ganhe dinheiro, patrocínio e produção e ela retribui xingando você em todos os vídeos. No caso do teatro a situação é ainda pior, pois você acabou de adquirir seu ingresso e está presente no local da cena, impossibilitado de reagir quando você se sente desrespeitado a opção que resta e se levantar e deixar o local, porém nesse caso há uma reversão de culpa e você passa a ser o mal educado. Talvez por isso muitos optem em ficar até o final e ainda passarem pela frustração de ver os atores sendo aplaudidos e ovacionados.

Podemos dizer que ficou mais fácil fazer sucesso com humor nos últimos tempos, logicamente por exigir menos planejamento e inteligência desses artistas e por lidar com um público muito mais maleável que muitas vezes ignora o conteúdo. Incomoda-me muito saber que tanta coisa boa, inteligente e engraçada vem sendo produzida nos mesmos meios mas vem perdendo espaço para essas coisas. Precisamos exigir um pouco mais do humor nacional para valorizarmos menos a comédia e consequentemente a cultura estrangeira